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Rota Aldeias de Xisto - Lousã

Atualizado: 9 de nov. de 2021

A Serra da Lousã, juntamente com a Serra do Açor e a Serra da Estrela, formam a mais imponente cadeia montanhosa de Portugal: a Cordilheira Central.

A Serra da Lousã constitui a extremidade sudoeste desta cordilheira. Sendo fundamentalmente xistosa e pré-câmbrica, é geologicamente muito antiga. Estas Serras fazem também a separação natural entre as bacias hidrográficas do Mondego e do Tejo.

A Serra da Lousã abrange os concelhos de Lousã, Góis, Castanheira de Pera, Miranda do Corvo e Figueiró dos Vinhos.

É um dos grandes tesouros da região Centro de Portugal. Por entre os vários trilhos, cascatas, ribeiras e aldeias de xisto, encontramos a natureza no estado quase puro. Longe da azafama citadina, podemos cruzar-nos com veados ou raposas, carvalhos ou sobreiros.

 

Em 2016 nasceu o projeto “Isto é Lousã”, dois jovens criaram várias instalações de madeira espalhadas pela serra, que se tornaram locais de atracão.

A mais conhecida destas instalações é um baloiço, a 1200 metros de altitude, perto do Trevim. Existe um outro baloiço em frente a uma pequena cascata, na Praia Fluvial da Senhora da Piedade. A febre dos baloiços panorâmicos nasceu na Lousã!

A Moldura Isto é Lousã na estrada que vai ter ao Talasnal e as Letras Isto é Lousã junto a Aldeia de Xisto do Chiqueiro são outros exemplos dos trabalhos feitos pelo "Isto é Lousã" e que se tornaram virais dos últimos anos e contribuíram muito para a chegada de mais turistas à região.

Recentemente a aldeia do Candal foi "abraçada" por um bonito coração de madeira.

Baloiço do Trevim
 

As Aldeias do Xisto, é um projeto posto em prática a partir do ano de 2001, usando fundos comunitários.

Na sua fase inicial foram selecionadas 24 candidaturas correspondentes a um igual número de aldeias de 14 concelhos da Região do Centro. Neste momento fazem parte 27 aldeias de 16 concelhos.

Nesse conjunto de 27 aldeias distribuídas por 16 concelhos cujas construções são feitas de xisto, situadas em 4 regiões principais; a Serra da Lousã, a Serra do Açor, o Zêzere e o Tejo-Ocreza, a maioria das aldeias encontra-se na Serra da Lousã sendo elas 12, seguidas de 6 da zona do Zêzere, 5 da região da Serra do Açor e 4 no Tejo-Ocreza.

Desta vez vamos visitar as 12 Aldeias de Xisto da Serra da Lousã - Casal de São Simão, Ferraria de São João, Gondramaz, Casal Novo, Chiqueiro, Talasnal, Candal, Cerdeira, Comareira, Aigra Nova, Aigra Velha e Pena.


Aldeias de Xisto da Lousã - Dia 1

 

Casal de São Simão (Passadiços, Praia Fluvial e Aldeia) | Ferraria de São João | (Cascata da Pedra da Ferida) | Gondramaz | (Miranda do Corvo)

 

Casal de São Simão (Passadiços, Praia Fluvial e Aldeia)


Os Passadiços das Fragas de São Simão, com uma extensão linear de 1730m, ligam o Miradouro das Fragas de São Simão à Aldeia do Xisto de Casal de São Simão, atravessando o fundo da garganta da Ribeira de Alge.

Passadiços das Fragas de São Simão

A primeira parte do percurso, a partir do Miradouro das Fragas tem sensivelmente 1 km e mais de 400 degraus. É uma fotogénica escadaria que nos conduz à Praia Fluvial das Fragas de São Simão, onde a Ribeira de Alge rasga o maciço rochoso, entre duas imponentes fragas e segue o seu caminho em direção ao Zêzere. E se os passadiços são monumentais, a praia é deliciosa e transporta-nos para um cenário luxuoso de águas límpidas e transparentes, de cascatas e lagoas onde nos permitimos dar um refrescante mergulho.

Fragas de São Simão

Um km depois chega-se ao Casal de São Simão, pequena aldeia, de praticamente uma só rua, essencialmente construída em quartzito.

De referir que podemos visitar qualquer um dos pontos referidos sem fazer o passadiço.

Aldeia de Xisto - Casal de São Simão

Ferraria de São João


Na Ferraria, o cenário profundamente rural tem abraçado os novos habitantes e o turismo, numa sinergia quase perfeita.

A aldeia possui um conjunto de aspetos que a distinguem das demais: um magnífico sobreiral, um numeroso conjunto de currais tradicionais, um Caminho do Xisto, um Centro de BTT, um FunTrail para os mais pequenos, e muitos trilhos para descobrir.

O cenário de fundo perfeito para emoldurar o ex-líbris da Aldeia: um conjunto de currais comunitários na orla de um imenso e mágico montado de sobreiros.


Cascata da Pedra da Ferida


Não sendo uma Aldeia de Xisto é um local de visita obrigatória neste roteiro.

O nome da cascata advém da coloração das rochas que, por serem ricas em ferro, ganham uma coloração avermelhada devido ao contacto continuado com o oxigénio.

“Pedra da Ferida, cascata Mistério de água pura A água nunca lá seca A ferida nunca se cura”


Esta quadra popular é a legenda perfeita da Cascata da Pedra da Ferida.

Conta com quase 25 metros de altura e uma maravilhosa piscina natural. A cascata é fantástica mas o trilho até lá chegar não fica atrás. Ao longo da Ribeira da Azenha, entramos num delicioso bosque mágico, ao som da água a correr, com pequenos poços de água, pontes de madeira e azenhas antigas.

Cascata da Pedra da Ferida

A partir da vila do Espinhal existem duas opções para visitar a Cascata da Pedra da Ferida, podemos seguir a pé num percurso de aproximadamente 1 km (2 ida e volta) ou de carro até ao Parque de Merendas da Ribeira da Azenha, por uma estrada de terra batida. É possível circular com um carro ligeiro, mas atenção a estrada não está nas melhores condições. Sendo um percurso pouco interessante, a segunda opção é a melhor.

Chegando ao estacionamento junto ao Parque de Merendas, seguimos o percurso até à Cascata. Ir e vir são 1,5 km.

O percurso é difícil, com muitas pedras soltas e desníveis acentuados, incluindo uma corda para subir/descer mesmo à chegada da cascata.

Cascata da Pedra da Ferida

Gondramaz


Em 2017, Gondramaz foi finalista das 7 Maravilhas de Portugal, na categoria das Aldeias Remotas.

A aldeia não é mais que uma rua principal e que desta saem várias ruelas estreitas e sinuosas, onde podemos descobrir as alminhas e as figuras de pedra que se espalham pelas paredes e alpendres da aldeia, algumas com dizeres que podem assustar os defensores do português da atualidade.

É um prazer passear em Gondramaz, pela sua simplicidade, a lembrar tempos remotos, mas também por todo o cuidado na recuperação e restauro nas casas e ruas da aldeia.

Aldeia de Xisto - Gondramaz

Miranda do Corvo


Acabamos o dia em Miranda do Corvo, no http://www.hotelparqueserradalousa.pt/. Integrado no Parque Biológico da Serra da Lousã e a poucos quilómetros de várias das aldeias de xisto.

O parque ocupa uma área de 33 000 m2 de Reserva Ecológica Nacional.

Ao longo do passeio pelos caminhos do Parque Biológico podemos encontrar várias espécies de fauna e flora. No caso da fauna, poderão ser observadas várias espécies de aves de rapina (águias, corujas, entre outras), ursos pardos (atualmente extintos em Portugal), linces, lobos, raposas, javalis, mas também vários herbívoros como gamos, veados, corços, cabras entre muitos outros animais. Ao longo do percurso poderão ser descansar à sombra de castanheiros, carvalhos, medronheiros entre outras espécies de flora existentes nas nossas matas e florestas.

Parte integrante da Fundação que faz a gestão do Parque, é o Templo Ecuménico Universalista. Uma pirâmide com mais de 13 metros de altura a fazer lembrar o antigo Egipto.

Mais Info (preços/horários): https://parquebiologicoserralousa.pt/


Em Miranda do Corvo encontramos também várias e boas opções para refeições:

- Museu da Chanfana;

- A Parreirinha;

- Zé Padeiro.


Aldeias de Xisto da Lousã - Dia 2

 

Casal Novo | Chiqueiro | Talasnal | Candal | Cerdeira | (Passadiços e Cascata Ribeira das Quelhas) | (Alto do Trevim) | Castelo e Praia Fluvial da Lousã

 

Chiqueiro


Começamos o dia pela aldeia do Chiqueiro, legendada com as letras - Isto é Lousã. Embora deva o seu nome à principal atividade praticada na aldeia (a pastorícia) nada tem a ver com uma pocilga ou curral. A aldeia está muito bem recuperada, mantendo os traços originais e a autenticidade da sua história. A aldeia é delimitada por duas pequenas linhas de água e dissimulada pela frondosa vegetação que a envolve. Possui malha urbana simples, basicamente organizada por duas ruelas íngremes ladeadas pelo casario, currais e palheiros.

Aqui e ali é ainda possível ouvir os característicos sons das campainhas dos rebanhos de cabras, que nos embalam numa visita que deixa saudade.

Casal Novo


Logo ao lado encontramos a Aldeia de Xisto do Casal Novo. Uma das que sofreu intervenção da parte do projeto "Isto é Lousã", neste caso com a moldura Isto é Lousã.

Mais um tesouro escondido, com o seu refúgio nas encostas da Serra da Lousã.

Com uma rua principal, rasgada por pequenas transversais, a sua dimensão é inversamente proporcional à sua beleza, que nos faz apaixonar por cada pormenor. De uma grande genuinidade, tem nas suas eiras espaços de elevado valor histórico e patrimonial. Outrora usadas como locais de trabalho agrícola comunitário, contam-nos histórias de quando ao trabalho se juntava a alegria da convivência, em que as cantilenas acompanhavam a lavoura e o suor andava de mão dada com um sorriso e um cumprimento amigo.

Essa vidas passadas, imortalizadas nas pedras de xisto, fazem parte da história destas terras e deixam-nos com um sabor melancólico por tempos que já não voltam!

Talasnal


A maior das Aldeias de Xisto. A sua dimensão e disposição, mas também os muitos pormenores das recuperações das suas casas, são o chamariz para os muitos turistas que a visitam.

Aldeia de Xisto - Talasnal

O som da água da fonte e do tanque são a banda sonora da nossa visita. As casas decoram-se com os ramos das videiras.

A ruela principal acompanha o declive da encosta, num percurso íngreme. Dela derivam quelhas e becos, que criam um ambiente de descoberta que todos gostam de explorar à espera da surpresa de um novo recanto.

Também ela tem direito a moldura de madeira com o slogan Montanhas de Amor.

Descobrir esta aldeia representa mergulhar no mundo mágico da Serra da Lousã.

Candal


Aninhada na serra, é um anfiteatro de casas que descem a colina do miradouro até à estrada nacional.

A Ribeira acentua a harmonia. Abraça o Candal por um dos lados da aldeia e desce por um túnel debaixo da estrada junto ao chafariz.

Recentemente foi colocado um coração de madeira a enquadrar a aldeia.

Aldeia de Xisto - Candal

Daqui vamos seguir o trilho PR3 (3 km ida e volta) em direção à Cascata do Candal.

Para chegar junto à cascata é preciso descer (e depois subir) uns ingremes degraus escavados no xisto. São mais de 1000 metros (perto de 3 km ida e volta) de um percurso exigente, mas que vale bem a pena para contemplar totalmente a beleza da cascata.

Fato de banho obrigatório uma vez depois de um grande esforço a água fria da cascata vem mesmo a calhar.

Cascata do Candal

Cerdeira


Na Cerdeira desligamos os telemóveis e restante tecnologia. Abraçamos a natureza, de forma calma, sem pressas. A harmonia entre as pessoas, natureza e animais é quase total e conseguimos perceber que a vida pode ser simples e que a felicidade é afinal tão fácil de encontrar.

A Cerdeira é um local mágico. À entrada, uma pequena ponte convida-nos a conhecer um punhado de casas que espreitam por entre a folhagem. Parece que atravessamos um portal para um mundo fantástico. Tudo parece perfeito neste cenário profundamente romântico. O chão de ardósia guia-nos por um caminho até uma fonte no meio de uma frondosa vegetação.

Entre encostas declivosas rasgadas por linhas de água que se precipitam lá do cimo, a Cerdeira aninha-se na serra. Esta é uma aldeia que a arte e a criatividade ajudaram a refundar. Aliás, em certos momentos do ano, esta aldeia é animada por encontros temáticos que juntam arte e botânica.

Aldeia de Xisto - Cerdeira

Nota: De referir que é possível visitar todas estas aldeia pelos trilhos existente a partir do Castelo da Lousã, num total de aproximadamente 15 kms.


Passadiços e Cascata Ribeira das Quelhas


Os Passadiços da Ribeira das Quelhas estão localizados junto à aldeia do Coentral Grande, concelho de Castanheira de Pêra, e seguem pela margem direita da Ribeira das Quelhas ao longo de aproximadamente 1,2km (pouco menos de 2,5km, ida e volta).

É possível estacionar a sua viatura praticamente ao lado do início do percurso mas em dias de grande afluência, o mais certo é não ter lugares disponíveis. Nesse caso, terá de estacionar na aldeia do Coentral e daí seguir a pé pelo estradão de terra batida até ao início dos passadiços.

O Percurso desenvolve-se ao som de uma sinfonia aquática interpretada pelas águas apressadas das ribeiras das Quelhas, onde é possível apreciar inúmeras quedas de água, lagoas e com alguma sorte aves de espécies protegidas nos penhascos de xisto.


Alto do Trevim


Aqui nasceu a moda dos baloiços no alto das serras. O Baloiço do Trevim está situado no ponto mais alto da Serra da Lousã, a 1200 metros de altitude.

O caminho está bem sinalizado e a estrada já está alcatroada. Por um lado chegar ao Baloiço perdeu um pouco de encanto, mas por outro, agora é mais fácil e seguro lá chegar.

E quando chegamos ficamos deslumbrados, à fabulosa paisagem juntamos pequenos pormenores que criam uma atmosfera mágica. Um pequeno coração, a palavra sente no banco do baloiço, a placa do "Isto é Lousã" e o balançar em direção ao horizonte sem fim com a sensação de que podemos voar. Tudo isto é mágico, é a simplicidade no seu expoente máximo e o coroar de uma série de projetos que deram grande projeção a esta região.

Baloiço do Trevim

Nota: O baloiço foi renovado, está mais alto e agora já não "sente" mas continua-nos a encher o coração.


Castelo e Praia Fluvial da Lousã


Castelo da Lousã e Restaurante O Burgo

Existe um motivo para termos guardado o Castelo e Praia Fluvial da Nossa Senhora da Piedade para o fim. O Restaurante O Burgo. Uma casa tradicional com comida típica da região. Vir à Lousã tem de significar fazer uma refeição no Burgo (atenção, é melhor fazer marcação).

A Praia Fluvial é também ela lindíssima, embora de momento o famoso baloiço não esteja disponível.

Um mergulho seguido de um delicioso jantar são a cereja no cimo de dia fantástico.

Praia Fluvial Nossa Senhora da Piedade - Lousã

Aldeias de Xisto da Lousã - Dia 3

 

Comareira | Aigra Nova | Aigra Velha | Pena | (Cabril do Ceira)

 

Comareira | Aigra Nova | Aigra Velha | Pena

Conjunto de 4 aldeias pertencentes ao concelho de Góis.

A Comareira é a mais pequena aldeia de xisto. Praticamente só tem uma casa. Mas dispõe de um pequeno miradouro para apreciar a vista.

Esta zona merecia mais cuidado, a estrada de acesso ou está em obras ou está num estado muito mau.

A Aigra Nova é mais uma pequena aldeia, que se divide em 3 ruas. A homónima Velha é a mais alta aldeia de xisto, a 770 metros de altitude.

Na aldeia da Pena, a união entre as casas de xisto e a ribeira é grande, desenvolvendo-se num declive acentuado, onde existe a sensação de que as casas podem cair a qualquer momento. O acesso, tal como nas outras 3 é mau e algo complicado.

Aldeia de Xisto - Comareira
Aldeia de Xisto - Aigra Velha

Cabril do Ceira


Para acabar em beleza e já no sopé da Serra da Lousã, em Serpins, encontramos uma das maravilhas que esta tem para oferecer: a garganta de Cabril do Ceira, um fenómeno natural de enorme beleza.

Local de inegável encanto, as suas águas cristalinas fazem concorrência ao espetacular efeito de estreitamento que o canhão quartzítico provoca, que culmina num pequeno açude, onde se forma uma piscina natural. O acesso é difícil, uma vez que é necessário percorrer cerca de 2 km de estrada em terra batida, com muita pedra solta mas sem buracos.

Mas depois de chegar lá, é usufruir com calma, nadar e disfrutar do cenário. O regresso torna-se obrigatório!

Cabril do Ceira
Cabril do Ceira
Nota: De referir que este roteiro (como os outros) pretendem ser apenas guidelines e não para serem obrigatoriamente cumpridos à risca. Cada visitante pode acrescentar ou retirar locais, fazer em mais ou menos dias. Numa escapadinha de um ou vários dias. Estamos, claro, disponíveis para ouvir conselhos e dicas para melhorarmos os nossos roteiros!


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