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Visitar Alentejo - Rota de Beja

Atualizado: 9 de nov. de 2021

Pertencente à província do Baixo Alentejo. Tem uma área de 10.229,05 km² (o maior distrito português) e uma população residente de aproximadamente 150.000 habitantes. A sede do distrito é a cidade com o mesmo nome.

O distrito de Beja corresponde à metade sul da região alentejana, marcada pelas grandes planícies e pontuada aqui e ali por serras baixas e pouco inclinadas, como a Adiça ou do Cercal.

O principal acidente geográfico do distrito é o vale do rio Guadiana, que atravessa a região de norte para sul e faz a separação da planície e a fronteira espanhola.

A oeste é delimitada pelo Oceano Atlântico e pela fantástica Costa Alentejana.

Neste nosso roteiro vamos visitar a zona mais interior do Baixo Alentejo. A zona costeira e a zona percorrida pela EN2 têm direito a roteiro próprio.

 

Como chegar?

Como referimos, este nosso roteiro vai incidir mais na zona interior do distrito.

Assim podemos chegar a Beja por várias vias. Pelo IC1, pela N2 (junto a Ferreira do Alentejo ou pelo IP2 (via Évora). A A2 será a opção mais rápida mas também a menos barata e interessante.

A partir de Lisboa são aproximadamente 150 km.

 

Dia 1: Lisboa -> Ferreira do Alentejo -> Praia Fluvial dos 5 Reis -> Beja -> Serpa -> Pulo do Lobo -> Mina de São Domingos -> Mértola


Entramos no distrito de Beja via Ferreira do Alentejo, mais propriamente por Canhestros.

Canhestros

O cenário é lindíssimo, as várias cores da paisagem, que variam entre o castanho dos campos lavrados, o verde dos olivais ou a mais amarelada cor das searas, salpicadas com o vermelho das papoilas ou pela forte presença dos girassóis, transformam esta imagem num fantástico quadro pintado a aguarelas.

O cheiro da terra é tão característico, que mesmo de olhos fechados podíamos saber que estamos no Alentejo.

O sol já é forte e o calor aperta, por isso vamos descobrir um dos segredos desta região, a Praia Fluvial dos 5 Reis.

Situada na Albufeira dos 5 Reis, esta recente praia fluvial é um verdadeiro oásis na planície alentejana. Possui um centro de atividades náuticas (canoagem, vela, stand up paddle, entre outras), parque infantil e embarcadouro. Um snack bar e uma loja de artigos locais. Em 2021 foi distinguida com bandeira azul.

Aqui podemos passar um delicioso dia em família e fugir ao abrasador sol alentejano. Desta vez e depois do mergulho refrescante seguimos sem direção à capital de distrito.


Beja - Pax Julia foi importante cidade romana, fundada por Júlio Cesar ou por Augusto, não existem certezas. Foi capital administrativa de uma das regiões que constituíam a província da Lusitânia.

Durante o domínio visigodo manteve-se como uma das principais cidades do ocidente e foi perdendo alguma importância durante o período árabe.

Com a reconquista e principalmente a partir do seculo XIV, com a passagem a ducado, a torre de menagem e o castelo foram construídos e alvo de várias remodelações e ampliações ao longo do tempo.

Castelo de Beja

Entramos no Castelo pelas Portas de Évora. Subimos à Torre de Menagem e descobrimos a época medieval no seu interior. Nas Portas de Avis encontramos uma característica feira com produtos locais. No Miradouro do Terreirinho das Peças temos uma vista sobre a cidade.

Castelo de Serpa

Vamos continuar na era medieval e seguimos para Serpa, pequena cidade do Museu do Relógio e dos Condes de Ficalho. O castelo tem uma caraterística peculiar, a entrada faz-se através de um arco rachado, onde uma parte suporta outra que parece puder cair a qualquer instante. Podemos subir às muralhas onde desfrutamos da vista sobre o casario, a torre do relógio ou os arcos do antigo aqueduto.


Próxima paragem - Pulo do Lobo.

A cascata do Pulo do Lobo é formada pelas águas do rio Guadiana, a montante da cidade de Mértola, tem águas claras e cristalinas que se precipitam numa queda de 4 metros de altura (a maior do sul do país), perdendo-se num mar de espuma pelo meio de uma garganta rochosa de donde desaguam depois para dar lugar a um lago de águas serenas. As margens neste local apresentam-se altas e pedregosas, e tão apertadas que deram origem a uma lenda que afirma que um lobo em caça as transpôs de um salto.

O Pulo do Lobo é um dos mais dramáticos trechos do Guadiana, o local onde o "rio ferve entre paredes duríssimas, rugem as águas, espadanam, batem, refluem e vão roendo, um milímetro por século, por milénio, um nada na eternidade", como escreveu José Saramago.

O acesso ao Pulo do Lobo pode fazer-se por nascente ou poente.

A poente, faça um desvio na estrada que liga Beja a Mértola e siga até à aldeia de Amendoeira da Serra, seguindo as indicações até ao Pulo do Lobo. Chega então à Herdade de Pulo do Lobo, abra a cancela e são cerca de 1000m em estrada de terra até à cascata. O acesso é interdito a veículos pesados.

O acesso à cascata por poente é mais fácil, existindo inclusive uma estrutura para melhor observar a queda de água.

A nascente faça um desvio na estrada que liga Serpa a Mértola. Aqui vamos encontrar os muito recentes (ainda por finalizar e inaugurar) Passadiços do Pulo do Lobo, onde os ingremes 50 metros até à margem do rio vão puder ser feitos com maior segurança numa escadaria de madeira, com cerca de 300 degraus.

Passadiços do Pulo do Lobo

A cascata é demasiado selvagem para banhos mas regressamos ao carro e pouco mais de 20 km depois encontramos uma das melhores praias fluviais de Portugal. A Praia Fluvial da Tapada Grande na Mina de São Domingos.

Praia Fluvial da Tapada Grande - Mina de São Domingos

É uma praia com bandeira azul (uma das primeiras praias fluviais a ser distinguida com este prémio) e eleita o melhor destino europeu na categoria Praias Interiores. Dispõe de estacionamento gratuito, bar/restaurante, chapéus de sol (tipo coco) gratuitos, zona de barbecue e de merendas, wi-fi free, parque infantil, gaivotas e canoas para alugar. No Verão existem seções de cinema ao ar livre no anfiteatro.

É um delicioso oásis, com excelentes infraestruturas, uma água limpa a roçar o morna e uma paisagem idílica com pequenas ilhas ao longo da lagoa.

Logo ao lado, podemos visitar o antigo complexo mineiro, com as suas infraestruturas abandonadas e a sua lagoa "vermelha", que dizem derreter tudo o que lá entra, a fazer lembrar o cenário apocalíptico dos filmes de Mad Max.

Complexo Mineiro da Mina de São domingos

Praias fluviais, castelos medievais, minas abandonadas, cascatas e passadiços. Um dia em cheio! Mas falta a cereja no topo do bolo. E ela é delicada, castiça e acolhedora. A Vila Museu - Mértola.

É uma pacata vila muralhada, situada num penhasco sobranceiro ao rio Guadiana. Foi em tempos um dos mais importantes portos fluviais do Mediterrâneo. Por isso, visitar Mértola é fazer uma viagem ao passado, rumo à descoberta de vestígios da presença de grandes civilizações – dos romanos, passando pelos visigodos e muçulmanos, até aos cristãos.

No final da tarde, longe do bulício dos grandes centros urbanos, Mértola, com o seu clima ameno, convida-nos a passeios tranquilos pelas suas ruas e ruelas, descobrindo, por entre o branco casario, os seus recantos cheios de história. A coroar a vila encontra-se o Castelo de Mértola, que, altivo, domina toda a paisagem circundante, e que parece guardar lá em baixo, as águas do Guadiana, que nos tentam para um passeio de barco ou a uma voltinha de kayak.

A Torre do Relógio é outro postal da vila, no final de uma rua empedrada, marca a paisagem num enquadramento perfeito com o Guadiana.

Na Ermida da Senhora das Neves podemos olhar de frente para o castelo e apreciar a bonita arquitetura da Ponte de Mértola da Ribeira de Oeiras.

É em Mértola que pernoitámos, no https://www.beirario.pt/, onde ainda tivemos tempo para um mergulho na piscina e jantámos no Restaurante A Paragem na aldeia dos Corvos.

 

Dia 2: Mértola -> Pias -> Moura -> Vidigueira -> Vila de Frades -> Cuba -> Barragem de Odivelas -> Lisboa


O segundo dia deste roteiro será dedicado quase na integra ao vinho do Baixo Alentejo. Atenção que ao Domingo a maior parte das adegas estão fechadas. No Alentejo a tradição ainda é o que era e o Domingo é o dia de descanso.

Primeira paragem - Pias. Na Adega do Margaça encontramos um dos melhores vinhos alentejanos. A Torre do Relógio é imagem de marca da vila. Para os aventureiros aconselhamos a visita à Ermida de Santa Luzia e ao seu cemitério abandonado.

Em Pias, o Restaurante O Adro é local obrigatório. Migas, ensopados, sopas e açordas, tudo tipicamente alentejano.

Pias

Nota: Pias é uma das "nossas terras". Local que visitamos muitas vezes. Estas fotos na Ermida de Santa Luzia, Barragem e antiga linha do comboio foram tiradas em 2013.

Seguimos caminho, mas com calma, ao estilo do Alentejo. Estas estradas são magnificas e os campos são autênticos tesouros para os amantes da fotografia e da natureza.

Chegamos a Moura, ao seu Castelo e Torre do Relógio. As alterações provocadas pela barragem do Alqueva vieram alterar o quotidiano da cidade medieval.

Moura

Mas o grande lago fica para outros roteiros e desta feita entramos no Alentejo profundo e na Rota do Vinho, em direção à Vidigueira, Vila de Frades e a Cuba (do Alentejo).

Região conhecida pelo seu vinho, como o da talha e que tem contribuído de forma significativo para o seu desenvolvimento.

As Torres do Relógio da Vidigueira e de Vila de Frades, a Cella Vinaria Antiqua em Vila de Frades ou a Igreja de São Vicente em Cuba são pontos de visita obrigatória.

O Restaurante País das Uvas é local de "peregrinação" para os apreciadores de boa e típica comida alentejana.

O roteiro acaba na Barragem de Odivelas, Alvito. Mas propriamente na Praia Fluvial de Odivelas, onde se pode dar um mergulho (com cuidado porque é uma zona não balnear) e comer uns petiscos no snack bar com esplanada para a lagoa.

É uma ótima forma de acabar o dia, com o fresco da água e o ar puro da área envolvente à barragem.

Praia Fluvial de Odivelas

Infelizmente, é tempo de regressar à rotina caótica da cidade. Fica um até breve ao Alentejo interior e a todos os seus segredos!

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