O rio Douro (em castelhano: Duero) é um rio que nasce nos picos da Serra de Urbión, na provÃncia espanhola de Sória, a 2160 metros de altitude, e atravessa o norte de Portugal até à sua foz junto à s cidades do Porto e Vila Nova de Gaia. É o terceiro rio mais extenso da penÃnsula Ibérica. Possui 897 km de comprimento, 572 km em solo espanhol, 213 km navegáveis em território português e 112 km de caráter internacional, pois o seu curso faz de fronteira natural. Este último troço, em que o rio estreita e o seu leito se aprofunda, é conhecido como as arribas. As suas margens foram protegidas com a criação dos parques naturais do Douro Internacional em Portugal e de Arribas do Douro em Espanha.
A UNESCO incluiu, em 14 de Dezembro de 2001, a Região Vinhateira do Alto Douro na lista dos locais que são Património da Humanidade, na categoria de paisagem cultural.
Depois de percorrermos Portugal de Norte a Sul, na Estrada Nacional 2, vamos percorrer o Douro de este a oeste.
A Estrada Nacional 222, ou EN222, que liga Vila Nova de Gaia a Vila Nova de Foz Côa, é considerada uma das estradas mais bonitas do mundo (no troço Régua - Pinhão), nomeadamente porque em grande parte o seu traçado segue na companhia do rio Douro.
A empresa de aluguer de automóveis Avis Rent A Car considerou-a em 2015 a "melhor estrada para condução do mundo" ("World's Best Driving Road").
A Estrada Nacional conta com 226,3 quilómetros de extensão. Começa em Mafamude, no centro de Vila Nova de Gaia e termina em Almendra, no concelho de Vila Nova de Foz Côa. Um percurso único a nÃvel mundial, ao juntar três destinos classificados como Património da Humanidade: a Ribeira portuense, o Alto Douro Vinhateiro e as Gravuras Rupestres de Foz Côa.
Como chegar? Como Fazer?
Para efetuar este roteiro podemos começar em Vila Nova de Gaia ou em Vila Nova de Foz Côa. Devido à maior oferta hoteleira a maioria das pessoas inicia o percurso na sua foz, ou seja de oeste para este. Para chegar a Vila Nova de Gaia a A1 é a principal via de acesso.
Nós vamos fazer de forma um pouco diferente. A nossa "casa" para este roteiro será o Peso da Régua e será a partir daqui que iremos percorrer a N222, assim como alguns desvios que consideramos fundamentais numa visita por terras Durienses. Para chegar á Régua vindo de Lisboa são aproximadamente 360 km, via A1/IP3/A24, numa duração aproximada de 3 horas e meia.
É possÃvel fazer o roteiro em 2 dois dias, caso já estejamos na região, caso contrário 4 dias será a duração ideal.
Dia Um:
Régua: Foz do Varosa - Barragem da Régua - Cais da Folgosa - Foz do Rio Tedo - Foz do Rio Távora - Pinhão - Miradouro Casal de Loivos - Miradouro de Casais do Douro - Miradouro da Doroteia - Miradouro da estrada nacional 222 - Miradouro da Abelheira - Miradouro São Salvador do Mundo - Ferradosa - Aldeia de São Xisto - Miradouro de Vargelas - Ruinas do Prazo - Foz Coa - Castelo Melhor - Almendra
O nosso primeiro dia começa na Régua, junto à Foz do Rio Varosa. Mesmo junto à ponte pedonal. Começa a nossa aventura no Douro! Pouco mais de 3 km depois paramos junto à Barragem da Régua, onde podemos assistir à subida dos barcos (através da eclusa) num desnÃvel de 28 metros.
Eclusas funcionam como degraus ou elevadores para navios: existem duas comportas que separam os dois nÃveis do curso da água. Quando a embarcação precisa de subir o rio ela entra na eclusa pelo lado jusante e permanece na câmara. A comporta de jusante é então fechada e a câmara é cheia com água, causando a elevação da embarcação até que atinja o nÃvel do reservatório superior. A partir desse momento, a comporta de montante pode ser aberta e a embarcação sai da eclusa.
Mais 5 km e encontramos uma pequena marina, no Cais da Folgosa, onde o restaurante DOC do chefe Rui Paula atrai imensos visitantes.
Junto ao Vila Galé Douro Vineyards encontramos a foz do Rio Tedo e as suas fantásticas curvas que desaguam no Douro.
Pouco mais de 5 km e chegamos à Foz do Távora, onde a marina e a ponte de pedra são mais um postal ilustrado da N222.
Em seguida vamos sair pela primeira vez do troço da N222, num pequeno desvio ao Pinhão e ao Miradouro de Casal de Loivos. Ao passar para o lado direito do rio, podemos apreciar os socalcos meticulosamente organizados por entre montes e vales, muitas vezes desafiando as leis da gravidade. São, por vezes, inclinações tão abruptas mas que se integram tão harmoniosamente na Natureza, que até custa a crer que foram construÃdas pelo Homem.
Para além das águas durienses que banham a vila do Pinhão, também muito perto desta vila desagua o rio que lhe deu nome.
O Pinhão é também ponto de partida e chegada de inúmeras embarcações durienses - os famosos rabelos (e outro tipo de barcos mais modernos).
Vamos deixar um pouco a N222 (até porque entre o Pinhão e a Ervedosa a estrada afasta-se um pouco do rio) e subir o Douro de barco. Existem várias opções a preços diversos. Desta vez fizemos um passeio de 1 hora onde podemos apreciar de perto as fantásticas quintas de vinho do porto e os seus socalcos tão únicos.
Em seguida, subimos um pouco mais e obtemos uma das mais fantásticas vistas sobre o Douro, no Miradouro de Casal dos Loivos. Aqui podemos dizer que vimos o Douro do céu.
Voltamos à N222 e começamos a subir em direção a São João da Pesqueira. Neste troço podemos ver o Douro de vários locais: Miradouros de Casais do Douro, Miradouros da Doroteia, Miradouro da estrada Nacional 222 ou o Miradouro da Abelheira.
Já depois de Ervedosa do Douro e de São João da Pesqueira, voltamos a chegar perto do Douro no Miradouro de São Salvador de Mundo, e que vista! Aqui quase que parece podemos abraçar o rio (ou ele a nós)!
Em mais um pequeno desvio à N222 vamos à Estação Ferroviária da Ferradosa e à sua icónica ponte de ferro. Uns km acima e encontramos a Aldeia de São Xisto e o Miradouro de Vargelas.
De regresso à N222, próxima paragem é nas Ruinas do Prazo, apelidadas de Machu Picchu português (com algum exagero, é certo). RuÃnas arqueológicas que integram uma complexidade de estruturas desde o paleolÃtico aos nossos dias.
Já que estamos na pré-história rumamos a Vila Nova de Foz Côa e ao Parque Arqueológico do Vale do Côa. O Vale do rio Côa constitui um local único no mundo por apresentar manifestações artÃsticas de ar livre inserÃveis em diversos momentos da Pré-História, Proto-história e da História, nomeadamente o mais importante conjunto de figurações paleolÃticas de ar livre até hoje conhecido. Este extraordinário conjunto rupestre distribui-se ao longo de dois eixos fluviais principais: o rio Côa, numa extensão de cerca de 30 km, e também o rio Douro, ao longo de cerca 15 km, para ambos os lados da embocadura do Côa. Conhecem-se já mais de mil rochas com manifestações rupestres, em mais de 70 sÃtios diferentes, com predomÃnio das gravuras paleolÃticas, seguidas por motivos da Idade do Ferro, Época histórica e Pré-história recente, respetivamente.
Passamos o Côa, reencontramos o Douro e vamos a Castelo Melhor e às ruinas do Castelo.
Por fim chegamos a Almendra, o local simbológico onde termina a N222.
O dia está a acabar mas falta a cereja em cima do bolo (ou do Douro), no regresso à base na Régua, fazemos um desvio e vamos a São Leonardo da Galafura, onde o por do sol é divinal (o cabrito também não é mau).
«O Doiro sublimado. O prodÃgio de uma paisagem que deixa de o ser à força de se desmedir. Não é um panorama que os olhos contemplam: é um excesso de natureza. Socalcos que são passados de homens titânicos a subir as encostas, volumes, cores e modulações que nenhum escultor pintou ou músico podem traduzir, horizontes dilatados para além dos limiares plausÃveis de visão. Um universo virginal, como se tivesse acabado de nascer, e já eterno pela harmonia, pela serenidade, pelo silêncio que nem o rio se atreve a quebrar, ora a sumir-se furtivo por detrás dos montes, ora pasmado lá no fundo a reflectir o seu próprio assombro. Um poema geológico. A beleza absoluta» Miguel Torga
Dia Dois:
Régua: Foz do Varosa - Porto de Rei (Resende) - Caldas de Aregos - Foz do Rio Cabrum (Ponte Velha) - Porto Antigo - Baloiço de Bestança - Pias - Baloiço da Ponte - Miradouro do Teixeiró - Parque Ribeiro do Sampaio - Ilha dos Amores - Miradouro de Catapeixe - Fluvina e Cristo Rei Entre os Rios - Miradouro de Sebolido e Baloiço da Boneca - Anjo de Portugal - Baloiço de São Gens - Midões - Praia Fluvial de Pedorido - Miradouro da Lomba - Vila Nova da Gaia
No segundo dia vamos da Régua para oeste. A primeira paragem é na Praia Fluvial de Porto de Rei em Resende. À beira do Douro, está equipada com um cais de acostagem para embarque turÃstico, um pontão de ligação, um passadiço, uma piscina, praia fluvial, um solário, diversas instalações de apoio, logradouro, estacionamento, jardins, acessos pedonais e parque de merendas. O espaço tem excelentes condições num cenário maravilhoso.
Caldas de Aregos, possuà uma beleza paisagista natural única. A estância termal e o pequena aglomerado de casas forma um anfiteatro para o Douro. As suas águas termais são muito procuradas. Diz-se que D. Afonso Henrique fez aqui tratamentos.
O Rio Cabrum nasce na Serra de Montemuro e desagua no Douro apenas 20 km depois. A Ponte Velha junto à foz é motivo para nova paragem.
Em Porto Antigo o Douro recebe o Rio Bestança e é junto a este que a N222 segue até aos Baloiços do Bestança e da Ponte na Aldeia de Pias.
Subimos até ao Miradouro de Teixeiró onde avistamos o Douro e a Ponte Ferroviária de Pala Ribadouro em Baião.
No Parque de Lazer do Ribeiro de Sampaio encontramos um trilho, quedas de água, uma ponte em madeira, moinhos, um baloiço, uma zona de merendas com WC, uma zona de banhos, estacionamento e muita natureza! Para chegar à cascata basta parquear no parque de estacionamento e seguir o ribeiro no percurso assinalado por cerca de 10 minutos a pé.
Outra opção para almoçar é a na Praia Fluvial do Castelo, junto à Ilha dos Amores em Castelo de Paiva. Já foi Ilha do Outeiro ou Ilha do Castelo, mas é mais conhecida como Ilha dos Amores. Fica em Castelo de Paiva, onde o rio Paiva cruza o Douro.
Na praia é bonita, com boas condições e infra estruturas de apoio, mas não é o centro das atenções. A Ilha dos Amores é a maior estrela. Reza a lenda que um lavrador e uma fidalga da região viveram uma história de amor ao nÃvel de Pedro e Inês. Pelo que se conta, um nobre pediu a mão da fidalga, ficando o lavrador de coração partido ao saber que iria perder o amor da sua vida. Num ato de loucura, matou e atirou ao rio Douro o novo pretendente da sua amada. Com medo das consequência, fugiu para ilha.
Mas o amor pela jovem fidalga desafiava o perigo, decidindo voltar e pedir-lhe para ela viver com ele na ilha. Mas quando atravessavam o rio num pequeno barco, formou-se uma tempestade. Não sobreviveram e a história acabou. Nasceu a lenda e um nova aura na ilha, que passou a ser dos Amores.
Do Miradouro de Catapeixe temos uma perspetiva aérea da Ilha e da Praia.
Agora vamos mudar de margem. Passamos a ponte de Entre os Rios (local tragicamente famoso devido à queda da ponte em 2001 que vitimou 59 pessoas) e vamos à Fluvina e ao Cristo Rei.
Uns km mais acima e encontramos o Miradouro de Sebolido e o renovado Baloiço da Boneca.
O primeiro, localizado numa pequena elevação natural protegida por grades, proporciona-lhe uma magnÃfica vista panorâmica sobre o rio Douro.
O trilho que conduz até ao Miradouro e ao Baloiço da Boneca arranca junto à Junta de Freguesia de Sebolido. Terá de prosseguir a pé aproximadamente 1 km (2 km ida e volta). De referir ainda que o trilho tem um pouco de inclinação e que foram instaladas cordas de segurança ao longo do percurso, o que faz dele um trilho apto para se fazer em famÃlia.
Voltamos à margem esquerda do Douro e à N222 mas antes fazemos uma paragem como homenagem a todos os que partiram, junto ao Anjo de Portugal.
No Baloiço de São Gens voamos em direção ao Douro e em seguida visitamos a Aldeia de Xisto de Midões.
Na Praia Fluvial de Pedorido o Rio Arda abraça o Douro e no Miradouro da Lomba assistimos ao fim do percurso do Rio Inha.
Por fim chegamos a Vila Nova de Gaia onde nos espera um passeio entre a Serra do Pilar e a Ribeira. Oh e claro uma Francesinha à Moda do Porto!
Outros Roteiros:
Aldeias Históricas de Portugal - https://anibaljacinto.wixsite.com/saltarfronteiras/post/rota-aldeias-históricas-de-portugal
Nota: De referir que este roteiro (como os outros) pretendem ser apenas guidelines e não para serem obrigatoriamente cumpridos à risca. Cada visitante pode acrescentar ou retirar locais, fazer em mais ou menos dias. Numa escapadinha de um ou vários dias. Estamos, claro, disponÃveis para ouvir conselhos e dicas para melhorarmos os nossos roteiros!