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Rota Aldeias Históricas de Portugal

São 12 as Aldeias Históricas de Portugal. Piódão, Castelo Novo, Idanha-a-Velha, Monsanto, Sortelha, Belmonte, Linhares da Beira, Castelo Mendo, Almeida, Castelo Rodrigo, Marialva e Trancoso.

Encontram-se no Centro de Portugal, na região das Beiras, e cada uma tem caraterísticas únicas, que as distinguem. São aldeias de outros tempos, de casas de pedra, construídas por mão humana (sem ajuda de máquinas), da terra lavrada, da vida agrícola. Um Portugal rural, puro, ingénuo e tradicional. Cheias de histórias para contar, em cada canto, a cada porta e janela.

Erguem-se normalmente em terras altas, pois constituíam núcleos de defesa das populações que nelas se estabeleceram. Destacam-se pela arquitetura militar, pois a maioria encontra-se rodeada de muralhas e desenvolve-se junto de um castelo.

Mas não nos podemos limitar apenas às aldeias classificadas como históricas, existe muito mais para ver e descobrir.

Localizadas em cenários fantásticos como o Parque Natural da Serra da Estrela ou nas serras da Malcata, da Gardunha ou do Açor, os percursos entre aldeias e as áreas onde estão inseridas merecem visitas atentas.

 

Vamos dividir a nossa rota em vários dias, que podem ser feitos seguidos, ou em várias escapadinhas.


Rota Aldeias Históricas de Portugal - Dia 1

 

Piódão | (Foz D´Égua) | Castelo Novo | Idanha-a-Velha | (Penha Garcia) | Monsanto

 

Piódão

Começamos o nosso Roteiro pelo Piodão. Uma das 7 Maravilhas - Aldeias de Portugal. E que forma de começar!

Chegar ao Piodão é um acontecimento, depois de alguns km pela Serra do Açor, numa estrada nem sempre fácil, avistar a aldeia pela primeira vez é único. Lá do alto avistamos um aglomerado de casas de pedra com telhados de xisto, a maioria com portas e janelas azuis. A igreja matriz também marca uma presença forte. Tudo parece ter sido feito de forma planeada, um quadro que levou anos a ser desenhado.

O Piodão é um presépio, o "ovo embrionário" de Miguel Torga.

Povoada desde o tempos longínquos dos pastores lusitanos na época medieval, que a batizaram de Casas Piódam, a aldeia mantém a traça de tempos idos, remodelada de forma irrepreensível. É um prazer passear nas ruas ruas estreitas e inclinadas, na calçada irregular e descer até à ribeira e à praia fluvial.

Queremos ficar, conhecer cada pormenor mas a estrada chama e temos de nos fazer ao caminho.

Piodão
Praia Fluvial do Piodão

Foz D'Égua


A próxima paragem é logo a seguir e a magia continua. Se o Piodão parece um presépio feito à medida de um qualquer povo com características mágicas, a Foz D'Égua era o seu destino de férias, o retiro espiritual.

Aqui tudo parece mágico, a ponte pedonal suspensa, a pequena lagoa que deu lugar à praia fluvial, as pontes de pedra ou o altar no topo da aldeia. Tudo parece fazer sentido e por momentos podemos fingir ser os pequenos Bilbo e Frodo e imaginar pertencer ao cenário de Lord of the Rings de Tolkien.

Foz D'Égua - Ponte Suspensa
Foz D'Égua

Castelo Novo


Deixamos o Açor e seguimos para a Gardunha. Enquadrada num anfiteatro natural, a aldeia de Castelo Novo surpreende pelas bonitas casas senhoriais. O som da água das diversas fontes embalam a nossa visita que passa por ruas e vielas, por praças e calçadas.

O nome da aldeia surgiu devido à construção de um Castelo, edificado no sec. XII, em substituição de outro que não tinha as condições necessárias para a defesa do povoamento.

O Castelo sofreu danos irreversíveis no terramoto de 1755 e apenas resta parte de uma das torres de menagem.

O Chafariz, a Torre do Relógio e o Pelourinho são outras das atrações da aldeia.

Antes de subir para a aldeia existe uma bonita praia fluvial onde nos podemos refrescar num dia de verão.

Castelo Novo
Castelo Novo

Idanha-a-Velha


Ao chegar a Idanha-a-Velha ninguém imagina que se encontra na importante e profícua Civitas Igaeditanorum, cidade romana que se situava na grande estrada peninsular que ligava Emerita (Mérida), a Braccara (Braga).

Foi Egitânia, sede de bispado da época visigótica (s. VI-VII), que cunhou moeda de ouro para quase todos os reis visigodos, de Recaredo a Rodrigo.

Idânia para os muçulmanos (s. VIII-XII) quando atingiu uma grande dimensão e era uma cidade rica, quase tão rica quanto Lisboa.

É hoje um museu aberto, que permite ao seus visitantes passear entre as ruinas do castelo, o pelourinho, a torre dos templários, as várias capelas ou a ponte romana.

Idanha-a-Velha

Penha Garcia


Praia Fluvial do Pego

Antes de visitarmos a ultima aldeia histórica do dia, damos um saltinho a Penha Garcia. E num tórrido dia de verão que bem que soube.

No topo da aldeia o pequeno castelo guarda o povoado numa pose de outros tempos. Em seguida descemos até ao Rio Ponsul e à paradisíaca Praia Fluvial do Pego.

As rochas graníticas aqui presentes possuem fósseis com cerca de 480 mil milhões de anos. O açude está limitado por muros que originam uma piscina natural de águas límpidas. A presença da magnífica cascata embeleza ainda mais este cenário e os mais aventureiros podem saltar dela.

Praia Fluvial do Pego

Monsanto


Já mais fresquinhos e com baterias carregadas, vamos ao ultimo destino do dia. E que final! A cereja no topo do bolo! Literalmente no topo!

Monsanto ergue-se no alto de uma montanha. A "aldeia mais portuguesa de Portugal" é uma experiencia única devido ao seu casario de pedra, algumas construídas a partir de penedos. A singular imagem das casas com telhados de grande penedos é imagem de marca da aldeia. Passear nas suas ruas transportam-nos para uma época medieval. A subida para o castelo é exigente mas a vista deslumbrante faz esquecer o esforço despendido. A Torre do Relógio marca o horizonte sem fim e daqui temos uma perspetiva geral da aldeia e de grande parte da região.

O instrumento musical Adufe e as bonecas marafonas são símbolos da aldeia.

Um pormenor, a aldeia tem pouca oferta de restauração e não é fácil jantar sem marcação.

Em 2021 será palco das filmagens de House of the Dragon, prequela da série Game of Thrones, que se espera tenha a sua estreia em 2022. Os Dragões vão estar em Monsanto!


Rota Aldeias Históricas de Portugal - Dia 2

 

(Penamacor) | (Meimão) | (Sabugal) | Sortelha | (Aguas Radium) | (Centum Cellas) e Belmonte | (Manteigas) | (Folgosinho)

 

Penamacor


Penamacor é habitat natural do Lince-ibérico, que partilha a área protegida da Reserva Natural da Serra da Malcata com uma extraordinária diversidade de fauna e flora.

Todos os anos, com o aproximar do Natal, por todas as freguesias do concelho, os jovens em idade de cumprir o serviço militar unem-se para cortar e transportar os troncos que alimentarão a fogueira para aquecer o Menino Jesus. No dia 7 de dezembro, inicia-se o corte e recolha das árvores secas e doentes, acompanhado pelo tradicional convívio com animação pela noite dentro.

A chegada do Madeiro, em Penamacor, tem data marcada e o ato assume foros de festividade. De facto, no dia 8 de Dezembro, a população e visitantes acorrem generosamente à rua para saudar o cortejo de tratores e reboques, em número que procura sempre bater o antecedente, onde os jovens do ano, dantes só os rapazes e agora também as raparigas, empoleirados nos troncos, atiram à rebatina os frutos do ramo de laranjeira que a praxe manda trazer, cantando acompanhados à concertina.

Penamacor foi uma das mais importantes fortalezas da fronteira portuguesa.

Classificado como Monumento Nacional, o Castelo ou Fortaleza de Penamacor, entendido como toda a área amuralhada do antigo burgo medieval, foi um dos mais poderosos castelos, integrando a linha de defesa da Beira.

Penamacor

Meimão


Antes do Sabugal, na serra da Malcata, temos uma das paisagens mais bonitas da Beira Baixa. Do miradouro Nossa Senhora do Pilar vemos a aldeia de Meimão rodeada de duas lagoas enormes. É a albufeira da barragem da Meimoa que pinta de azul a mancha verde da serra. Uma espécie de Lagoa das 7 cidades da Malcata.

A Praia Fluvial a praia fluvial da albufeira conta com uma piscina flutuante dividida em duas áreas com profundidades diferentes, e prancha de saltos para a barragem.

A piscina é complementada com infraestruturas como cais para embarcações – caiaques e gaivotas- receção, bar e estacionamento. A praia não possui zona de campismo, mas alguns bungalows aí instalados permitem a dormida no local.


Sabugal


Não esta classificada como aldeia histórica, mas o seu centro histórico merece uma visita detalhada.

O “Castelo do Sabugal”, também referido como “Castelo das Cinco Quinas” devido ao formato incomum de sua torre de menagem, localiza-se em posição dominante sobre a povoação, num pequeno planalto da serra da Malcata, controlava a travessia do rio Côa em sua margem direita, de onde a sua importância na Antiguidade e na Idade Média.

De acordo com evidências arqueológicas, supõe-se que a elevação em que se situa o atual castelo, dominando o curso do rio Côa, foi ocupada por seres humanos desde época pré-histórica, que aí teriam erguido um castro.

Sabugal

Sortelha


É uma das mais belas e antigas vilas portuguesas, tendo mantido a sua fisionomia urbana e arquitetónica inalterada até aos nossos dias, sendo considerada uma das mais bem conservadas. A visita pelas ruas e vielas do aglomerado, enclausuradas por um anel defensivo e vigiadas por um sobranceiro castelo do séc. XIII, possibilita ao visitante recuar aos séculos passados, por entre as sepulturas medievais, junto ao pelourinho manuelino ou defronte da igreja renascentista.

A sua atmosfera medieval, com as casas de pedra construídas dentro do perfil das muralhas e que acompanham os socalcos do terreno, é de tal forma encantadora que nos faz parar, inspirar e registar na memória estas imagens simples e intemporais.


Termas de Águas Radium ou Hotel Serra da Pena


Saímos de Sortelha, a caminho de Belmonte. Quando de repente á beira da estrada se ergue um majestoso edifício construído em granito com sinais evidentes de abandono.

O que é isto? Outro Castelo? Não são as ruínas do outrora luxuoso Hotel Serra da Pena ou as Termas de Águas Radium, uma vez que os tratamentos ali efetuados eram à base de água com radioatividade.

Para aumentar o mistério em volta deste edifício, a sua localização fica entre as as aldeias do Terreiro das Bruxas e Quarta-Feira.

Para lá chegar temos de sair da estrada principal e percorrer cerca de 1 km de estrada de terra batida bastante esburacada.

Águas Radium

A história deste edifício começa no início do século XX. Reza a lenda que Don Rodrigo, um conde espanhol, terá curado a sua filha nesta região de uma grave doença de pele. Posteriormente, mandou construir um hotel termal.

Na altura não se sabia o porquê das águas termais da região serem conhecidas como milagrosas. Mais tarde descobriu-se que as propriedades benéficas destas águas advinham do seu elevado teor de radioatividade.

Decorria, então, na Europa a “Febre da Radioatividade“. Acreditava-se que o rádio (elemento químico) seria a cura para qualquer tipo de maleita. Foram tempos áureos para este hotel. Para além dos banhos termais também se começou a realizar aplicação de lamas, compressas elétricas radioativas e lavagem do cólon. Vendia-se inclusive água engarrafada para venda nas farmácias e para exportação.

Até 1940, Aguas Rádium eram recomendadas para tratar uma série de problemas (pele, gastrointestinais, reumatismo, hipertensão e rins).

Foi com a II Guerra Mundial e com os conhecimentos do potencial nefasto da radioatividade e energia atómica e também com as consequências arrasadoras da bomba atómica que a radioatividade passou de milagre a maldição. Escusado será dizer que a também o Hotel passou a "damnare est" e não mais voltou a funcionar.

Águas Radium

Centum Cellas e Belmonte


A Torre Centum Cellas, também chamada de Torre de São Cornélio é um curioso e singular monumento situado na freguesia do Colmeal da Torre, concelho de Belmonte. O monumento, em si, apresenta-se como um dos mais emblemáticos, mas ao mesmo tempo dos mais enigmáticos de todos os que existem na Beira Interior.

Na verdade, foram elaboradas ao longo do tempo as mais diversas teorias respeitantes à sua real funcionalidade primitiva. Assim, desde templo, a prisão com cem celas, passando por um praetorium (núcleo de um acampamento romano), a um mansio (estação de muda), mutatio (albergaria para descanso dos viajantes), uilla romana, para além de muitas outras, tudo parece ter sido contemplado e proposto.

Todavia, as recentes escavações, demonstraram que o edifício da Torre não se encontrava isolado, antes, sim, inserido num conjunto estrutural mais amplo e complexo, que incluía diversos compartimentos, de entre os quais sobressaiam salas, corredores, escadarias, caves e pátios.

Por conseguinte, a Torre revela-se a parte central e melhor conservada daquela que terá constituído a uilla de Lucius Caecilius, um abastado cidadão romano, negociante de estanho, que, em meados do século I d. C. mandou edificar a sua residência nesta zona, sob direção de um arquiteto, o qual, ao que tudo parece indicar, conheceria com profundidade as técnicas construtivas ditadas por Vitrúvio.

Composta de apenas dois pisos, a Torre reveste-se de uma evidente centralidade e imponência arquitetónica, em redor da qual se desenvolveu a restante estrutura habitacional, desempenhando um papel de autêntico epicentro.

Este edifício foi parcialmente incendiado e destruído em finais do século III, altura em que foi alvo de algumas alterações, designadamente ao nível da disposição dos vários elementos que o compunham na origem. Entretanto, datará da Alta Idade Média a construção de uma capela dedicada a São Cornélio sobre as ruínas da própria uilla, reempregando, para o efeito, e uma vez mais, parte dos seus materiais constitutivos. Esta capela viria, no entanto, a desaparecer já em pleno século XVIII.

Centum Cellas

Belmonte - Terra de Pedro Álvares Cabral, situada em plena Cova da Beira e com ampla vista sobre a encosta oriental da Serra da Estrela, a vila de Belmonte justifica plenamente as características que lhe terão dado o nome. Diz a tradição que o nome Belmonte provém do lugar onde a Vila se ergue (monte belo ou belo monte). Porém, há quem lhe atribua a origem de “belli monte” – monte de guerra.

Coroada pelo castelo medieval, a Vila de Belmonte sobressai pela beleza das suas paisagens e monumentos, pela riqueza da sua história e recursos, pela sua fabulosa posição estratégica, que a fez dominar, desde tempos imemoriais, territórios e vias de comunicação.

Belmonte

Manteigas


A sua localização privilegiada no Vale Glaciar do Zêzere, rodeada de grandiosas paisagens e aninhada em plena cadeia montanhosa da Serra da Estrela, fazem de Manteigas merecedora do cognome de Coração da Serra da Estrela.

É também muito procurada pelos amantes das caminhadas por possuir imensos trilhos, principalmente ao longo da serra mais alta de Portugal.

Desta vez não vamos subir a serra (esse será outro roteiro), Manteigas é ponto de passagem para as aldeias históricas mais a norte.


Folgosinho


Parece que estamos com pressa? E estamos. O derradeiro destino deste dia é Folgosinho, local ideal para uma refeição e pernoitar.

Pequena aldeia de montanha, com casas de pedra e um característico "castelo".

Folgosinho confunde-se com o restaurante (e alojamentos) https://www.oalbertino-folgosinho.com/. Visitar a aldeia e não fazer uma refeição n'O Albertino é como a história de ir a Roma...

Sugere-se a reserva com alguma antecedência e que se leve muito apetite.

Folgosinho

Rota Aldeias Históricas de Portugal - Dia 3

 

Linhares da Beira | (Celorico da Beira) | Castelo Mendo | Almeida | Castelo Rodrigo | Marialva | Trancoso

 

Linhares da Beira


Situada na vertente ocidental dos Montes Hermínios (era este o nome lusitano da Serra da Estrela), Linhares da Beira terá tido origem num castro lusitano. Com as suas pastagens, abundância de águas e o enquadramento protetor da montanha era um dos locais habitados pelos Lusitanos, de que muitos portugueses se consideram descendentes. O linho, que foi noutros tempos uma das culturas importantes da região, estará na origem do nome Linhares, literalmente campo de linho.

Invadida por Visigodos e Muçulmanos que lhe reconheceram a excelente localização, Linhares passou a ser definitivamente portuguesa ao tempo de D. Afonso Henriques, que lhe deu o primeiro foral em 1169.

A paz, contudo, não seria ainda definitiva. Em 1189, tropas de Leão e Castela invadiram a região, pilhando-a e deitando fogo às aldeias circundantes enquanto se preparavam para tomar o castelo de Celorico. Linhares acorreu em defesa de Celorico e o exército inimigo, vendo-se cercado na retaguarda, abalou a fugir. Conta a tradição que tudo isto se passou numa noite de lua nova e por esse motivo as armas de Linhares apresentam um crescente e cinco estrelas.

Linhares é um pequeno povoado cheio de encanto, onde as casas simples construídas em granito convivem com alguns solares que preservam sinais de uma nobreza antiga. A igreja matriz, de raiz românica, mas reconstruída no séc. XVII, guarda três valiosas tábuas atribuídas ao grande Mestre português Vasco Fernandes (Grão Vasco). Uma rústica tribuna elevada sobre um banco em redor de uma mesa de pedra constitui exemplar único de fórum medieval donde se anunciavam à população as decisões comunitárias. É aqui que se pode ver as armas da antiga vila. Ao lado, destaca-se o pelourinho quinhentista em granito, rematado pela esfera armilar.

O conjunto da aldeia é encimado pelo vigoroso castelo que acompanha a geologia do terreno sobre um enorme monte rochoso, donde se abrange uma panorâmica espetacular. Duas grandes torres ameadas erguem-se junto dos ângulos da cerca, uma postada a oriente, outra a ocidente. No terreiro são ainda visíveis restos de antigas cisternas.

Linhares da Beira

Celorico da Beira


Não, esta não é uma Aldeia Histórica. Mas podia ser...

Celorico da Beira situa-se a 550 m de altitude, no sopé da Serra da Estrela e é atravessada pelo Rio Mondego.

O Castelo, ex-libris de Celorico da Beira, de arquitetura militar, estilo romântico-gótico, (séc. X), de traçado irregular, correspondente à Cidadela. A Igreja da Misericórdia, cuja fachada é um belo exemplo da arte joanina.

Ainda a salientar é a altivez barroca da Igreja Matriz de Santa Maria, erguida sobre o casario baixo do bairro antigo do Castelo.

Ao percorrer as ruas de calçada, os portais góticos e janelas manuelinas merecem destaque e a devida atenção.


Castelo Mendo


Edificado no alto de um monte num ponto de defesa estratégica, sobre vestígios datados da Idade do Bronze e da época Romana, Castelo Mendo é uma aldeia histórica rodeada de muralhas reconstruídas no séc. XII por ordem de D. Sancho I.

O nome da povoação deve-se ao primeiro alcaide D. Mendo Mendes nomeado por D. Dinis no séc. XIV, sendo possível distinguir numa das paredes da antiga Casa da Cadeia uma escultura em pedra, que segundo a tradição popular representa o Mendo, e numa outra casa próxima a representação da Menda, sendo por isso designada Casa da Menda, que seria a esposa de Mendo.

A povoação rodeada de muralhas com seis portas medievais (a principal ladeada por 2 berrões), é constituída por casas simples em pedra, originalmente de dois andares, destinando-se o piso térreo ao gado, e o piso superior a habitação. As ruas extremamente estreitas, facilitavam a defesa da povoação que foi palco de lutas durante as guerras em que Portugal participou, especialmente aquelas que envolveram portugueses e espanhóis.

Recentemente a aldeia tem vindo a ser recuperada, readquirindo algumas das características originais, constituindo uma verdadeira viagem ao passado atravessar os muros que a circundam.


Almeida


Almeida é uma vila fortificada que vista do ar parece uma estrela de 12 pontas, tantas quantos os baluartes e revelins que rodeiam um espaço com um perímetro de 2500 metros. Esta notável praça-forte foi edificada nos sécs. XVII-XVIII, em redor de um castelo medieval, num local importantíssimo como ponto de defesa estratégico da região, uma vez que se situa num planalto a cerca de 12 kms da linha fronteiriça com Espanha, definida pelo Tratado de Alcanices em 1297, data em Almeida passou a ser portuguesa.

Almeida - Abril 2022

Almeida é um dos melhores exemplares de fortificação abaluartada existente em Portugal, de que são características as muralhas em cantaria rodeadas por um vastíssimo fosso que dificultava a passagem dos invasores, os baluartes estrategicamente colocados que permitiam a observação de todo o território em redor, as três portas abertas em túnel e abobadadas, as portas falsas para enganar invasores, as casamatas subterrâneas que, dotadas de todo o tipo de serviços necessários à sobrevivência em caso de guerra, poderiam servir de abrigo a toda a população.

Almeida - Abril 2022

Almeida foi palco de lutas ao longo dos séculos, destacando-se as Guerras da Restauração (séc. XVII), em que os espanhóis foram definitivamente afastados do trono de Portugal, e as invasões francesas no séc. XIX em que esteve cercada durante um longo período pelas tropas napoleónicas, tendo o seu castelo e parte da muralha sido gravemente danificados pela explosão de uma enorme quantidade de pólvora armazenada nos paióis, o que provocou a sua rendição.

No interior da fortificação, vale a pena visitar o conjunto harmonioso do casario, e numerosos edifícios religiosos e civis espalhados por ruas estreitas que conservam a atmosfera de outros tempos.

Almeida - Abril 2022

Almeida - Abril 2022

Castelo Rodrigo


Do topo de uma colina, a pequena aldeia de Castelo Rodrigo domina o planalto que se estende para Espanha, a leste, até ao vale profundo do Douro, a norte. Segundo a tradição, fundou-a Afonso IX de Leão, para doá-la ao conde Rodrigo Gonzalez de Girón, que a repovoou e lhe deu o nome. Com o Tratado de Alcanices, assinado em 1297 por D. Dinis de Portugal, rei e poeta, passou para a coroa portuguesa.

Castelo Rodrigo - Abril 2022

Castelo Rodrigo conserva as marcas de alguns episódios de disputa territorial. O primeiro deu-se menos de cem anos após a sua integração em Portugal, durante a crise dinástica de 1383-1385. D. Beatriz, única filha de D. Fernando de Portugal estava casada com o rei de Castela. Por morte de seu pai, e com a sua subida ao trono, Portugal perderia a sua independência a favor de Castela. Castelo Rodrigo tomou partido por D. Beatriz, mas D. João, Mestre de Avis veio a vencer os castelhanos na Batalha de Aljubarrota, em 1385 e por esse feito foi coroado rei de Portugal com o nome de D. João I. Como represália pelos senhores de Castelo Rodrigo terem tomado o partido por Castela, o novo rei ordenou que o escudo e as armas de Portugal fossem representados em posição invertida no seu brasão de armas.

Castelo Rodrigo - Abril 2022

Mais tarde, no s. XVI, quando Filipe II de Espanha anexou a Coroa Portuguesa, o Governador Cristóvão de Mora tornou-se defensor da causa de Castela, vindo a sofrer a vingança da população que lhe incendiou o enorme palácio em 10 de Dezembro de 1640 logo que lá chegou notícia da Restauração (ocorrida a 1 de Dezembro) , ficando desta história antiga as ruínas no alto do monte, junto ao castelo. Lugar de passagem dos peregrinos que se dirigiam a Santiago de Compostela, contam as lendas que o próprio S. Francisco de Assis aqui teria pernoitado na sua peregrinação ao túmulo do Santo. Devolvida à sua quietude, Castelo Rodrigo merece uma visita pelas suas glórias passadas, pela beleza e limpidez do lugar, pelo seu casario intramuros, pelo seu pelourinho manuelino e ainda pela comovente imagem de Santiago Matamouros guardada na igreja do Reclamador.

Considerada 7ª Maravilhas de Portugal - Aldeias Autênticas.

Castelo Rodrigo - Abril 2022

Marialva


Pela sua esplêndida localização, sobre um monte de penhascos de difícil acesso, na margem esquerda do rio Alva, a pequena aldeia de Marialva foi praça militar importante na Idade Média.

Essa mesma localização foi a causa do seu declínio. Quando as guerras se passaram a fazer com armas de fogo, os velhos castelos medievais tornaram-se obsoletos e perderam a sua função de defesa e proteção das populações, que passaram a habitar fora dos recintos muralhados das cidadelas.

Povoação de raízes muito antigas, era já habitada no séc. VI a. C. pela tribo dos Aravos. Foi ocupada sucessivamente por Romanos (que lhe deram o nome de Civitas Aravorum), por Suevos e Árabes que se instalaram no seu castro defensivo. Terá sido Fernando Magno, rei de Leão, que a conquistou em 1063, quem lhe deu nome de Malva, mais tarde Marialva. Também se conta que o rei de Portugal, D. Afonso II teria doado a povoação em 1217 a uma sua apaixonada, D. Maria Alva, que estaria na origem do nome da aldeia. O castelo foi reedificado por D. Sancho II de Portugal, cerca do ano 1200, sobre as ruínas do castro romanizado. É um dos maiores da região, oferecendo hoje um magnífico panorama sobre a Serra da Marofa e a região envolvente.

Calçadas medievais ladeadas de paredes e de portas góticas conduzem a um pequeno largo onde se encontra um elegante pelourinho todo em granito, do séc. XV, a antiga cadeia e o tribunal. A igreja matriz, com um portal manuelino, é dedicada a Santiago e data do séc. XVI.

Antiga rota de peregrinos, Marialva ainda celebra no dia do Apóstolo (25 de Julho), a feira anual de Santiago.

Marialva - Abril 2022

Trancoso


É uma cidade protegida por muralhas onde se preserva o ambiente medieval nas ruas estreitas e nas casas de pedra. O planalto onde está situada, a 870 metros de altitude, deu-lhe a posição estratégica na defesa da fronteira com Espanha e transformou-a numa importante praça de armas durante a Idade Média.

A imponente Porta d'El Rei é a entrada principal nas muralhas e também uma homenagem a D. Dinis que aqui celebrou o seu matrimónio com Isabel de Aragão, em 1282, na Ermida de São Bartolomeu. D. Dinis ofereceu a vila à Rainha Santa em dote e instituiu a feira franca, na origem da grande Feira de Trancoso que ainda acontece a partir de 15 de Agosto, dia da padroeira Nossa Senhora da Fresta.

O labirinto de ruas de pedra conduz-nos ao centro da vila onde se encontra o Pelourinho, no cruzamento entre a Vila Velha e a Vila Nova. Na parte mais antiga, encontramos o Castelo muito disputado entre mouros e cristãos e conquistado definitivamente pela força de D. Afonso Henriques em 1160, e a Igreja de São Pedro, onde descansa para a eternidade o misterioso Bandarra (1500-45), um sapateiro poeta que profetizou a perda da independência de Portugal em 1580 e a sua restauração em 1640.

Foi aqui que, em 1809, o General Beresford montou um quartel general quando esteve em Portugal como aliado contra as invasões napoleónicas. Cinco anos depois, Beresford seria agraciado com o título de primeiro Conde de Trancoso.

A 29 de Maio comemora-se a Batalha de São Marcos (1385), percursora da grande vitória da Batalha de Aljubarrota contra Castela, onde D. João I defendeu e consolidou a independência portuguesa. Nesse dia distribui-se pão e laranjas às crianças no planalto de São Marcos onde se travou a batalha porque segundo a tradição os portugueses terão deixado os castelhanos a "pão e laranjas".

Trancoso
 

Outros Roteiros:


 
Nota: De referir que este roteiro (como os outros) pretendem ser apenas guidelines e não para serem obrigatoriamente cumpridos à risca. Cada visitante pode acrescentar ou retirar locais, fazer em mais ou menos dias. Numa escapadinha de um ou vários dias. Estamos, claro, disponíveis para ouvir conselhos e dicas para melhorarmos os nossos roteiros!


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