Tarouca é uma pequena cidade do distrito de Viseu, região do Norte e sub-região do Douro.
O rio Varosa convive com a cidade e os seus habitantes com uma naturalidade secular. Acompanha a nossa visita por caminhos dos monges de Cister que por estas terras férteis se instalaram em meados do sec. XII.
O Vale do Varosa aninha-se no colo da Serra de Santa Helena e concentra vários monumentos religiosos, vestígios romanos, vinhas ancestrais, praias fluviais, cascatas, fantásticos miradouros, aldeias históricas e uma fabulosa gastronomia acompanhada por maravilhosos vinhos da região do Douro.
Ponto de partida ou de paragem para inúmeras rotas, como a do Douro, da N2 ou da N222 é um excelente local para relaxar, fugir ao reboliço das grandes urbes e saborear a natureza e todos os seus prazeres.
Como chegar?
De Lamego são 12 km. De Viseu 60 km. Pela autoestrada A24 liga a Vila Real ou Bragança. Para o Porto (via N222) são 140 km. Para Guimarães 100 km.
SALZEDAS - UCANHA - SÃO JOÃO DE TAROUCA - MONDIM DA BEIRA - TAROUCA - VARZEA DA SERRA - SANTA HELENA - CRISTO REI - CASCATAS DO VAROSA
SALZEDAS
O Mosteiro Cisterciense de Santa Maria de Salzedas destaca-se do pequeno casario que nasceu na sombra da magnifica abadia.
Mandado erigir por D. Teresa Afonso, mulher de Egas Moniz, aio de D. Afonso Henriques. De estrutura românica, completamente remodelado no século XVIII, representa um dos mais ricos e emblemáticos mosteiros de Portugal.
O nome Salzedas provém do latim Saliceta que significa salgueiral, vegetação muito abundante nas margens do rio Varosa, que por ali corre. É de povoamento muito antigo. Por aqui passaram Lusitanos e Romanos, Suevos e Visigodos e, mais tarde, Muçulmanos.
A presença judaica está amplamente marcada pelo conjunto habitacional da antiga Judiaria, que se encontra em fase de recuperação.
UCANHA
Pequena aldeia vinhateira do Douro, o seu nome deriva de casa de pedra, casebre ou casa de diversão.
A Torre e Ponte Fortificada de Ucanha assumiu-se como afirmação máxima do poder dos monges de Cister na região.
Foi edificada por iniciativa do abade do Mosteiro de Salzedas.
Esta fora a primeira ponte da ibéria onde se iniciou a cobrança de portagem pela travessia de pessoas e bens. A receita revertia para a ordem de Cister, cujo ouro era dali transportado para Salzedas.
A partir da Ponte Medieval podemos ir junto ao Varosa descobrir a bonita praia fluvial, que faz a delicias dos visitantes no Verão.
Sugestões de Restaurantes:
Tasquinha do Matias
SÃO JOÃO DE TAROUCA
O Real Mosteiro de São João de Tarouca é uma gigantesca obra antiga, o primeiro mosteiro da Ordem de Cister fundado em território português, no séc. XII, num local de forte tradição monástica evidenciada na própria invocação do mosteiro a São João, já que, por norma, os cistercienses dedicavam as suas abadias à Virgem Maria.
As inúmeras doações recebidas (a primeira, pelo primeiro rei de Portugal, D. Afonso Henriques) e uma eficaz gestão das aquisições, tornou-o próspero nos séculos XII e XIII, possuindo um vasto património que se distribuía por todo o norte e centro do país.
Está implantada junto do rio Varosa, pois era condição da Ordem que os edifícios fossem erguidos junto de cursos de água.
Com a sua fundação intimamente ligada à figura do rei D. Afonso Henriques, o complexo monástico é uma colossal construção, de dimensões surreais para a sua época, que foi ainda ampliando inúmeras vezes ao longo dos séculos. Dormitórios de extensões a perder de vista, latrinas com sistema de esgotos, cozinha e refeitórios intermináveis, pátios interiores entre arcadas, bibliotecas, celeiros, etc. Uma verdadeira e funcional cidade dentro de si.
Com a extinção das Ordens Religiosas, o edifício foi alvo de forte vandalismo e pilhagens, restando hoje apenas algumas ruínas que ainda nos transmitem a dimensão do local. A seu lado, está a igreja paroquial cujo interior apresenta uma riqueza imensa nas fachadas de azulejos, obras de arte e revestimentos de ouro. Ali está exposto o poder económico que no final do seu legado a ordem possuía.
Com as obras de restauro e preservação, foi construído o museu e centro de interpretação, onde um vídeo explicativo se pode assistir e onde muitos artefactos se encontram expostos.
O Varosa e a ponte românica são também locais de visita obrigatória.
Sugestões de restaurantes:
Fonte do Povo
Ti Palmira (Almodafa)
MONDIM DA BEIRA
Em Mondim da Beira encontramos a Praia Fluvial, estrategicamente abrigada pela Ponte Românica, monumento imponente situado na secular via medieval que ligava a freguesia a S. João de Tarouca.
Este espaço, envolto em história e enquadrado numa área verdejante, onde predominam os moinhos ao longo das margens do rio, é assiduamente frequentado por centenas de pessoas que, nos períodos de calor, ali procuram momentos prazenteiros nas águas refrescantes do rio Varosa e no pequeno espaço de restauração anexo à Praia Fluvial.
TAROUCA
A caminho de Tarouca passamos no Arco da Paradela. Este pequeno monumento é um arco memorial de granito do séc. XII ou XIII, de volta inteira, e que, segundo fonte bibliográfica, existiam inicialmente 3 arcos, desaparecendo dois com o andar dos anos.
Conta-se que quando o corpo do Conde de Barcelos estava a ser levado de Lalim para ser sepultado no Mosteiro de S. João de Tarouca, parou neste local, e em memória desse facto ali se erigiram os arcos.
No entanto as opiniões sobre o arco de Paradela divergem de autor para autor: para uns, é um marco monumental que se ergueu para demarcar o limite do Couto do Mosteiro de S. João de Tarouca, para outros é um monumento funerário construído para o túmulo de Diogo Anes, que em 1175 (séc. XII) era o proprietário do terreno.
O topónimo de Paradela tem um sentido topográfico: uma subida difícil ao cimo da qual se pode descansar.Já na cidade a primeira paragem é no Parque Ribeirinho, ampla zona verde junto ao rio Varosa, com bar, praia fluvial, aluguer de gaivotas, minigolfe e piscinas municipais.
Na zona histórica, subimos à Alcácima, zona de lazer com espaço infantil, pequeno trilho pedonal e até alguns animais. Na descida até à Igreja de São Pedro, deambulamos pelas pequenas ruas de calçada e casas de pedra. Tarouca é uma pequena cidade onde o ar puro impera e o silêncio matinal apenas é interrompido pelo bonito chilrear dos pássaros ou pelo cantar do galo madrugador.
Sugestões de restaurantes:
Restaurante das Piscinas
Churrasqueira Bela Vista (Castanheiro do Ouro)
VARZEA DA SERRA
Deixamos o vale e subimos à serra. Lá no alto, acima dos 1000 metros está uma pequena aldeia serrana, a Várzea da Serra. Aqui nasce o Varosa e a praia fluvial faz a delicia dos turistas de verão.
As casas de granito, as ruas de calçada, o canastro, o pelourinho e até um ocasional pastor com uma tradicional capucha de burel dão um ar rustico e tradicional a esta aldeia.
SERRA DE SANTA HELENA
Um dos mais soberbos miradouros sobre o Vale do Varosa.
Aqui, podemos encontrar um parque de merendas. Existe ainda, um santuário e um altar. É também possível a prática de parapente, escalada e outros desportos radicais.
A vista alcança todo o vale do Varosa, desde Tarouca até Vila Real ou mesmo Armamar ou Moimenta da Beira.
CRISTO REI
Descemos à cidade e voltamos a subir pelo lado norte. E vamos voltar a ficar maravilhados!
O Cristo-Rei, em Gondomar, proporciona uma panorâmica ímpar sobre Tarouca, que alcança Lamego e Vila Real, bem como os horizontes da Serra do Marão e das Meadas.
O baloiço instalado tornou-se em mais um ponto de atração do local.
CASCATAS DO VAROSA
Entre a Eira Queimada e Vila Pouca, encontramos as Cascatas ou Cubos do Varosa.
É um segredo (um pouco mal guardado) escondido num pequeno vale e que foi parcialmente vedado por um proprietário de um turismo rural (que não chegou a ser).
Da Eira Queimada seguimos em direção aos Cubos, depois da Quinta dos Padres Santos estacionamos a viatura antes da ponte sobre o Varosa, a entrada pelo lado direito está vedada mas pode-se seguir por um pequeno trilho do lado esquerdo até chegar às cascatas.
Não é fácil mas vale muito a pena, temos várias lagoas e pequenas cascatas que escoam até uma maior com uns 4 metros de altura. Ao cimo a ponte romana completa o fabuloso panorama.
Outros roteiros:
Estrada Nacional 2 - https://anibaljacinto.wixsite.com/saltarfronteiras/post/estrada-nacional-2
Aldeias Históricas - https://anibaljacinto.wixsite.com/saltarfronteiras/post/rota-aldeias-históricas-de-portugal
Nota: De referir que este roteiro (como os outros) pretendem ser apenas guidelines e não para serem obrigatoriamente cumpridos à risca. Cada visitante pode acrescentar ou retirar locais, fazer em mais ou menos dias. Numa escapadinha de um ou vários dias. Estamos, claro, disponíveis para ouvir conselhos e dicas para melhorarmos os nossos roteiros!